Foodtech brasileira alia inovação, sustentabilidade e impacto social ao lançar bebida plant-based com rastreabilidade e fórmula limpa
A foodtech Cuíca, fundada em São Paulo, chega ao mercado com uma proposta ousada: combater o desmatamento da Amazônia e promover o desenvolvimento das comunidades extrativistas da região por meio de um leite vegetal feito à base de castanha-do-brasil — também conhecida como castanha-do-pará.
Lançado oficialmente em 2024 e apresentado internacionalmente durante a Expo West, na Califórnia, o produto já está disponível nas prateleiras brasileiras graças a uma parceria com a Tetra Pak. A bebida se diferencia das demais opções vegetais pela origem de sua matéria-prima e pelo impacto ambiental positivo atrelado ao seu modelo produtivo.
Castanha como agente de preservação
Considerada uma espécie-chave para o equilíbrio do ecossistema amazônico, a castanha-do-brasil desempenha um papel vital na manutenção do clima — cada árvore pode liberar mais de mil litros de água por dia na atmosfera. Além de seu valor ecológico, a castanha é fonte de renda para populações indígenas e ribeirinhas.
Contudo, a expansão da pecuária e de monoculturas coloca em risco a própria sobrevivência dessas árvores, hoje classificadas como vulneráveis pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).
Cadeia produtiva de baixo impacto
A Cuíca adota um modelo de extrativismo sustentável: toda a colheita é feita manualmente por famílias que vivem da floresta, sem derrubada de árvores ou uso de agrotóxicos. Mais de 90% das castanhas utilizadas vêm de árvores nativas, centenárias. Após a coleta, são processadas em armazéns locais, onde ganham destino: tornar-se leite vegetal.
Segundo as fundadoras Bianca Oglouyan e Cristina Frange, o negócio foi concebido para preservar o bioma amazônico e garantir renda justa às comunidades, com rastreabilidade total da cadeia produtiva e foco em comércio ético.
Ingredientes limpos e apoio tecnológico
Com apenas quatro ingredientes — castanha, água, açúcar e sal — o leite vegetal da Cuíca segue a tendência clean label, livre de conservantes. A formulação foi viabilizada com o apoio técnico da Tetra Pak, que cedeu sua planta-piloto em São Paulo e auxiliou na estruturação da produção comercial.
A embalagem asséptica também foi estratégica: permite validade de até um ano sem aditivos artificiais, facilitando a exportação e mantendo o compromisso da marca com sustentabilidade.
Além da versão original, o portfólio inclui uma linha barista voltada para uso profissional. A bebida oferece 1,6g de proteína a cada 100ml, além de gorduras saudáveis e micronutrientes como selênio, magnésio, potássio e vitamina E.
Plant-based em expansão
O consumo de leites vegetais ainda está em crescimento no Brasil: em 2023, apenas 43% da população havia experimentado alguma alternativa à base de plantas. Porém, entre os que ainda não consumiram, 90% apontaram a castanha-do-brasil como a opção mais atraente, segundo pesquisa recente. No mesmo ano, o setor movimentou R$ 673 milhões, com alta de 10%.
A Cuíca quer aproveitar esse movimento e ocupar um espaço de destaque no segmento, unindo sabor, saúde e propósito. “Cada caixinha representa uma floresta em pé”, resume a marca, que aposta em um modelo de negócios onde impacto positivo e inovação caminham lado a lado.
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