Misturar líquidos, aparentemente, inofensivos, para que se transformem em produtos de limpeza pode representar perigo à saúde e danos materiais. Soluções caseiras podem ser, também, ineficazes na higienização de ambiente, além de causar danos às superfícies e ao meio ambiente.
Em tempos de combate à desinformação e em prol da saúde pública, a ABIPLA – Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional e o CFQ – Conselho Federal de Química, em uma ação conjunta, promovem campanha de conscientização contra o uso de receitas caseiras de produtos de limpeza, em ambientes e superfícies.
“Não à toa, é a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária quem regulamenta a produção e a utilização de qualquer saneante no Brasil. Isso acontece porque existe a necessidade de se averiguar se os produtos são eficazes aos objetivos a que se propõem e se são seguros ao manuseio ou à exposição das pessoas”, alerta o diretor-executivo da ABIPLA, Paulo Engler.
Todo saneante regulamentado contém uma série de informações em sua embalagem, como números de notificação ou registro na ANVISA e recomendações de diluição. Para ajudar os consumidores a identificar os saneantes e seus diferentes graus de risco, a ABIPLA divulgou uma cartilha sobre produtos de limpeza, disponível, gratuitamente, no site da entidade. “É imprescindível que as recomendações de uso e manuseio do rótulo sejam sempre respeitadas. As pessoas não devem se deixar levar por receitas ditas milagrosas, cujas misturas não se conhece o real efeito potencial, em médio e longo prazos”, reforça Engler.
Vale ressaltar que a manipulação de produtos químicos é uma atividade regulamentada e de competência exclusiva dos profissionais da área, observando-se que o conceito de produto químico é amplo, incluindo itens de fácil acesso à população, como vinagre, água sanitária e álcool para limpeza, por exemplo. “Ao se realizar misturas indevidas, podem ocorrer reações químicas indesejáveis. Desde a ineficácia na limpeza, especialmente, em tempos de Covid-19, até possíveis riscos à saúde das pessoas, como a formação de gases tóxicos”, afirma Wagner Contrera, conselheiro federal do CFQ.
Um exemplo de informação relevante sobre o uso de produtos de limpeza está na cartilha “Perguntas e Respostas – Água Sanitária”, do CFQ, que diz que a água sanitária deve ser diluída, unicamente, com água e que seu poder de desinfecção é menor se o produto for aplicado de forma concentrada.
Danos materiais e ambientais
A combinação inadequada de produtos químicos pode, ainda, causar danos às superfícies ou ambientes em que são aplicados. Podem surgir manchas, riscos ou desgastes em películas de proteção, apenas para citar alguns exemplos. “Aparelhos eletrônicos podem sofrer oxidação e materiais diversos podem acabar perdendo cor ou suas texturas originais, muitas vezes inutilizando os objetos”, diz Contrera.
Há, também, a questão ambiental. Os produtos de limpeza, regulamentados, são formulados a fim de garantir a máxima eficácia ao fim a que se propõem, garantindo sua biodegradabilidade no descarte. A depender da mistura realizada, essa característica pode ser comprometida, fazendo com que os produtos químicos descartados no meio ambiente demorem mais tempo a serem degradados. “Os produtos de limpeza devem ser usados apenas conforme orientação do fabricante, disponível no rótulo”, finaliza o diretor executivo da ABIPLA.
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