Consumidor busca bem-estar e beleza, ampliando o mercado de suplementos
Mercado global de suplementos vitamínicos e minerais pode atingir cerca de R$ 308,4 bilhões neste ano, impulsionado por tendência global de produtos para saúde e estética
O mercado de suplementos para beleza e bem-estar está em expansão. Impulsionado por uma tendência global de demanda por produtos que promovam saúde e estética de dentro para fora, o setor registra um crescimento na oferta de vitaminas, minerais e outros compostos nutricionais destinados a melhorar pele, cabelo e unhas, além de favorecer a vitalidade de forma geral.
Na área de suplementos vitamínicos e minerais, o mercado global atingiu cerca de US$ 55,6 bilhões (R$ 291,6 bilhões) em 2023, de acordo com a consultoria Future Market Insight. O estudo aponta que o segmento deve crescer a uma taxa de 5,4% e alcançar US$ 58,8 bilhões (R$ 308,4 bilhões) neste ano. Já a expectativa para 2034 é atingir US$ 99,7 bilhões.
Em 2023, o setor de suplementos vitamínicos e minerais representou cerca de 32,6% do mercado total global de suplementos alimentares, avaliado em US$ 152,8 bilhões (R$ 801,7 bilhões).
A fabricante de suplementos Gummy Hair foi fundada em 2018 tendo como carro-chefe as gomas em formato de coração, recheadas com complexos vitamínicos para os cabelos, algo inédito no Brasil até então.A empresa registrou, no ano passado, uma receita de cerca de R$ 100 milhões, referente à venda de 17 produtos diferentes.
Para este ano, a expectativa da Gummy é aumentar o portfólio para 40 itens — tanto na parte de beleza quanto na de nutrição esportiva — e alcançar um faturamento de R$ 150 milhões. Para 2025, a meta é dobrar as vendas, com uma carteira de 100 suplementos.
“A empresa nasceu depois que vi o aumento do consumo de vitaminas em goma nos Estados Unidos. Como não existia nada parecido no Brasil, decidi montar uma fábrica”, diz o fundador, Robson Galvão. Nos Estados Unidos, a principal expoente desse setor é a Lemme Burn, comandada pela empresária e influenciadora Kourtney Kardashian.
Galvão detalha que o crescimento da empresa se deu pela diversificação da estratégia. Até 2022, a companhia atuava apenas com vendas on-line, com apoio de influenciadores em plataformas digitais. Mas então, ele diz que a Drogasil se tornou cliente e os resultados apareceram. Hoje, os produtos da marca estão em 17 mil pontos de vendas, entre farmácias, lojas de beleza e de produtos naturais.
Perguntado sobre a possibilidade de ter lojas próprias, Galvão afirma que isso não está nos seus planos. “Nosso objetivo é criar um ponto de experiência dentro de parceiros”, diz. Ele também descarta a internacionalização da marca. “Temos muito para crescer no Brasil.”
Nesse sentido, a Gummy vai adotar como estratégia o investimento em canais de marketing tradicionais, como a TV. “Vamos diminuir nossas campanhas on-line e entrar no offline.” A verba da área, no entanto, se manterá a mesma: algo entre 10% e 15% da receita da companhia.
“Fórmula da beleza”
Enquanto a Gummy Hair aposta no offline, é no on-line que a empresa de Gabriela Morais — famosa na internet pelo seu antigo sobrenome, Pugliesi — tem colhido frutos. A Gaab Wellness, fundada em maio de 2022, prevê aumentar em 80% o seu faturamento em 2024.
No ano passado, a receita da empresa foi de R$ 12,5 milhões. Para este ano, a projeção é de R$ 22,5 milhões. No primeiro trimestre, foram vendidos mais de 36 mil produtos de suplementação. O campeão de vendas da marca é o suplemento alimentar em pó apelidado de Fórmula da Beleza, que conta com colágeno, ácido hialurônico e um blend de vitaminas e minerais para melhorar a aparência e sustentação da pele.
Atualmente, a marca conta com 26 produtos, incluindo uma linha de skincare e um suplemento que promete amenizar os sintomas da TPM nas mulheres. Segundo Morais, que divide o controle da empresa com outros dois sócios, do total do faturamento, 80% vão para expansão do portfólio e 20% para marketing.
A estratégia de marketing é focada nas redes sociais, com divulgação por influenciadoras digitais. Ao todo, o investimento mensal na área é de cerca de R$ 150 mil. Contudo, não entra no cálculo do orçamento as postagens quase diárias da dona da marca em seu perfil no Instagram, que acumula quase 6 milhões de seguidores.
A Gaab já opera desde novembro de 2022 em Portugal, na rede de farmácias Wells e no e-commerce Huxia, e planeja entrar no mercado americano no próximo ano. Em 2023, as vendas da marca em Portugal registraram um faturamento total de quase R$ 1 milhão, o que representa cerca de 8% da receita total.
No Brasil, a empresa se restringe às vendas pelo site e pelo aplicativo de delivery Rappi, que faz a entrega dos produtos em São Paulo. “O nosso foco é no on-line. Planejo ter experiências no varejo de forma estratégica. Temos recebido demandas de farmácias e estamos negociando entrar nas que conversam com o nosso público. Também penso em montar uma pop-up store em shopping”, indica Morais. A companhia se programa, ainda, para abertura de uma rodada de captação de investimentos este ano ou no início de 2025.
A marca, incluindo a escolha do nome, foi inspirada na empresa da atriz Gwyneth Paltrow, Goop, fundada em 2008.O negócio, difundido nos Estados Unidos, conta com uma plataforma de venda de produtos on-line de diversos segmentos, além de revista, podcast, promoção de eventos anuais ao redor do mundo e até uma rede de restaurantes. Tudo focado no bem-estar.
“O segmento de wellness já é tendência há muito tempo lá fora, e agora começa a crescer no Brasil. A concorrência, claro, também vem aumentando, e grandes players do ramo farmacêutico estão entrando nesse mercado de suplementação. Para mim, é positivo porque ajuda a disseminar o uso dos suplementos. Quando comecei, era desafiador vender os produtos sem que as pessoas entendessem o que era ou até acreditassem que funcionava”, diz Morais.
Fonte: Valor Econômico 18.06.2024
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