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Nutra InnovationDestaques Matérias EspeciaisMercado de desinfetantes não vai crescer tão cedo. Por que isso não é uma má notícia?

Mercado de desinfetantes não vai crescer tão cedo. Por que isso não é uma má notícia?

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As vendas da categoria não despencarão depois do boom na pandemia, como se poderia prever

Por Estela Mendonça

Numa primeira análise das previsões da Euromonitor Internacional, que dão conta que tanto o mercado global quanto o brasileiro de desinfetantes deverão registrar queda em torno de 1% nos próximos cinco anos, poderia se falar em estagnação. Só que não. É sim uma boa notícia, levando-se em conta que, por conta da pandemia de covid-19, as vendas desses produtos saltaram 73,1% no mundo e 35,2% no Brasil nos últimos cinco anos.

Ao contrário do que se poderia esperar, passada a crise sanitária, o consumo desses produtos não irá despencar aos níveis de antes da pandemia, como aposta a empresa de pesquisa e especialistas do setor. Isso porque os consumidores aumentaram sua consciência da importância de manter os ambientes mais limpos e livres de patógenos.

Estão contemplados nos dados da Euromonitor todos os produtos comercializados especificamente como desinfetantes, cuja função principal é matar os germes domésticos, incluindo antissépticos e desinfetantes de dupla finalidade também estão incluídos. Já os produtos de limpeza multiuso com propriedades ou agentes germicidas estão fora do estudo, embora representem grandes oportunidades, justamente pelo caráter seu multifuncional.

Entrando no jogo

Com a previsão de estabilidade, a possibilidade de aumentar as vendas, necessariamente, passa por encontrar maneiras de trazer produtos que ofereçam benefícios diferenciados ou apresentar alternativas mais vantajosas em termos de custo, além de promoções para atrair os consumidores.

Valendo-se de sua reputação junto aos consumidores e da posição de liderança no mercado brasileiro de limpadores, a marca Veja, da Reckitt, lançou em março o Veja Power Action Desinfetante. Segundo a empresa, além de ativos que penetram na sujeira e garantem superior performance de limpeza, sua fórmula é capaz de eliminar 99,9% do vírus da COVID-19 e de outros patógenos.

Disponível nas fragrâncias referência do segmento de desinfecção, lavanda e pinho, o produto pode ser utilizado em toda a casa e em diversas superfícies, incluindo paredes, pisos e tecidos. A aposta, de acordo com a marca “levou em consideração que 96% dos consumidores manterão o hábito, adquirido na pandemia, de limpar mais a casa”.

Desinfetante aerossol

Símbolo de desinfecção na pandemia, ao lado do álcool em gel, muitas empresas também resolveram entrar na categoria e, no final do ano passado, a Bettanin também foi buscar sua fatia de mercado, ao lançar o EsfreBom Aerossol Desinfetante. O produto possui uma fragrância suave, contém álcool e é ideal para uma limpeza rápida e prática de diferentes ambientes e superfícies e combate 99.9% das bactérias.

Impulso nas vendas

As promoções também podem alavancar os negócios, como a promoção Ypê do Milhão, realizada há 8 anos e que distribuirá R$ 5 milhões em prêmios com a promoção, nesta edição dará chance em dobro para os consumidores que adquirirem os produtos Ypê Antibac, linha completa de produtos bactericidas para toda a casa, composta por lava-roupas, amaciante, multiuso, desinfetante multissuperfície, lenço umedecido e esponja.

“A Promoção Ypê do Milhão já é muito esperada por nossos consumidores, que frequentemente nos acionam nas redes sociais perguntando sobre a ação. Considerando toda a instabilidade econômica e dificuldades que nossos consumidores estão atravessando, quisemos surpreender e presenteá-los com prêmios que impactem positivamente suas vidas e com a antecipação do início da campanha. Além de ser relevante para o nosso público, a promoção também é de extrema importância para o business da empresa, por isso chegamos à oitava edição de Ypê do Milhão com as melhores expectativas”, conta Gilson Mazetto, vice-presidente do comercial e marketing da Ypê.

Demandas em alta

Aproveitando o aumento da população de animais de estimação, a SC Johnson lançou no Brasil a linha de produtos desinfetantes Lysoform Pets, indicada para desinfetar diversas superfícies da casa, ajudando a proteger os pets. Os produtos da linha matam 99.9% dos vírus e bactérias presentes nas superfícies, inclusive os que causam a cinomose, a gripe canina, tosse canina e calicivirose felina, além de eliminar odores causados por animais domésticos nos ambientes. Os locais sugeridos para uso incluem pisos, local do xixi, coleiras, brinquedos, roupas, sofás, camas, entre outras.

Wipes perfumados

A Zoflora, marca de limpeza desinfetante líder do Reino Unido, apostou em perfumação e sustentabilidade ao lançar o Antibacterial Cleaning Wipes, lenços de limpeza antibacterianos biodegradáveis para limpeza sem esforço, deixando os espaços limpos e perfumados por fragrâncias criadas por perfumistas (Lemon Zing, Midnight Blooms e Rhubarb & Cassis).  Os wipes multi-superfícies matam 99,9% dos vírus e bactérias e são feitos 100% de fibras vegetais, provenientes de florestas certificadas e totalmente isentos de plástico e biodegradáveis. A decisão do lançamento levou em consideração uma pesquisa realizada pela empresa que revelou que quase 50% dos britânicos usam wipes antibacterianos em suas rotinas de limpeza.

Névoa desinfetante

Outro lançamento importante na categoria de desinfetantes é a névoa recarregável por cápsulas, lançada pela Clorox nos Estados Unidos. O novo Clorox Disinfecting Mist é sem aerossol e mata 99,9% das bactérias e vírus em superfícies duras, higieniza superfícies macias e desodoriza e refresca o ar. A fórmula de secagem rápida e sem alvejante é acondicionada em frasco 100% reciclável com pulverizador reutilizável, que pode ser reutilizado com frascos de recarga por dois a três anos, segundo a Clorox.

Ação suave e prolongada

Juliana Salvini Seabra, gerente de field marketing do segmento de HPC da Oxiteno, enfatiza que a  limpeza e a desinfecção são fundamentais para a prevenção de doenças infecciosas tanto no lar como na limpeza institucional. A desinfecção é responsável por matar os germes, enquanto os ingredientes de limpeza são responsáveis pela remoção da sujeira de uma superfície que, apenas com a desinfecção, pode não parecer limpa.

Juliana Seabra, gerente de field marketing de HPC da Oxiteno

“Sendo assim, a melhor maneira de reduzir a propagação de germes é manter as superfícies limpas e combinar os benefícios complementares de ingredientes de limpeza e desinfetantes”, diz Juliana, acrescentando que para a remoção de sujeira de uma superfície são necessários ingredientes eficazes, como tensoativos e solventes.

Além da crescente preocupação e conscientização das pessoas com limpeza e proteção, a executiva observa que os consumidores também estão mais atentos aos ingredientes dos produtos, dando preferência aos mais suaves, que causem menos impacto ao meio ambiente e com ação prolongada.

“Como parte de seu compromisso com o bem-estar da sociedade, a Oxiteno lançou o solvente ALKEST® LV 1400 que possui matéria-prima 100% de origem natural e prontamente biodegradável”, anuncia Juliana, que explica que sua natureza lipofílica permite melhor interação com o solo oleoso levando a um alto desempenho no desengorduramento, o que é especialmente relevante para I&I e aplicações de limpeza doméstica pesada.

Além disso, o produto permite formulações de pH neutro, que são mais seguras para as pessoas, para o meio ambiente e para as superfícies quando comparadas aos limpadores ácidos ou alcalinos. Juliana ressalta que os limpadores de pH neutro formulados com ALKEST® LV 1400 não exigem luvas de proteção para minimizar o contato do produto com a pele, proporcionando uma limpeza mais segura.

A comparação da performance de limpeza ALKEST® LV 1400 com solventes tradicionalmente usados na indústria demonstrou  que, mesmo em pH neutro, é possível obter um poder de limpeza igual ou superior (imagem).

A gerente da Oxiteno, reforçando a valorização do alto desempenho, avalia que, a partir de alguns aspectos do cenário atual, é possível prever o movimento futuro: “O mercado busca o equilíbrio entre sustentabilidade e higiene, com produtos que não sejam apenas funcionais, mas que ofereçam comodidade, proteção e sejam amigáveis ao meio ambiente”.

Combate à recontaminação

Para Alessandra Varella, especialista de produto de Care Specialties da Ashland, embora a necessidade de desinfetar as superfícies tenha voltado à tona nos últimos anos, com a pandemia de Covid-19, além da maior conscientização sobre limpeza e desinfecção que levou a um aumento sem precedentes nas vendas dessa categoria, a higiene dos ambientes sempre foi valorizada pelos consumidores.

Alessandra Varella, especialista de produto da Ashland

Alessandra cita pesquisa do Global Data, que mostrou que, mesmo antes da pandemia começar, mais de 90% dos consumidores consideravam que um ambiente limpo e higienizado é importante para criar uma sensação de conforto e bem-estar. “Isso mostra a força desse mercado mundial de US$ 6,2 bilhões e explica as previsões de crescimento para o futuro”, avalia.

Os produtos desinfetantes atuais são eficazes na desinfecção instantânea, mas a especialista pontua que, com exposição repetida e contato humano, as superfícies são recontaminadas e requerem reaplicações frequentes. “Pensando na necessidade de manter as superfícies limpas e sanitizadas por mais tempo, a Ashland trouxe a linha Surfaguard™, composta por quatro polímeros capazes de formar filmes transparentes e substantivos às superfícies, permitindo a fixação de ativos antimicrobianos e prolongando o poder de desinfecção”, explica.

A linha Surfaguard™, segundo Alessandra, reduz a necessidade de aplicação repetida, melhorando o perfil de sustentabilidade e os custos dos consumidores. Também confere às marcas mais agilidade e segurança no lançamento de novos produtos, facilitando o trabalho de pesquisadores e formuladores, que contam com quatro opções de polímeros que se adequam a diferentes tipos de fórmulas, sejam elas na forma de wipes, sprays ou fórmulas concentradas.

Alessandra também ressalta que todos os polímeros são compatíveis com os diversos ativos antimicrobianos usados no mercado. “A eficácia de longa duração santizante dos polímeros da linha Surfaguard™, em combinação com compostos de amônio quaternário, um dos agentes desinfetantes mais utilizados em aplicações domésticas no mundo, foi demonstrada utilizando o protocolo EPA RSS 01-1ª (imagem).

A multifuncionalidade é outra tendência importante apontada por Alessandra, que indica os agentes umectantes e auxiliares eficazes de dispersão da linha Surfadone™. “Eles possuem ação sinérgica em formulações de desinfetantes com surfactantes aniônicos e não iônicos para aumentar o poder de limpeza e o rendimento dos produtos”.

Booster de limpeza

Laércio Albuquerque, especialista técnico para o mercado de cuidados para casa da Dow, reforça que, com a pandemia de coronavírus, houve um aumento do nível de preocupação com limpeza e desinfecção, os consumidores adicionaram novas tarefas às suas rotinas para protegerem a si e suas famílias, como desinfetar as sacolas de compras, trocar as roupas assim que retornavam da rua e até criar verdadeiras estações sanitizantes para as mãos dentro de casa.

Laércio Albuquerque, especialista técnico para o mercado de cuidados para casa da Dow

“Para combater a disseminação do vírus, as marcas de limpeza domésticas responderam rapidamente oferecendo uma ampla variedade de produtos com ação desinfetante”, destaca Laércio, lembrando que fabricantes de produtos domissanitários realizaram mudanças em alguns de seus limpadores de superficies de mercado para a adição de agentes biocidas catiônicos, com o objetivo de limpeza e desinfecção. Como consequência, muitos desses produtos apresentaram perda no seu poder de limpeza, o que passou a ser secundário naquele momento.

O especialista observa que, no mundo pós-pandemia, entretanto, além da desinfecção que continuará com sua relevância, o consumidor não abrirá mão da eficácia na limpeza, conveniência e multifuncionalidade dos produtos domissanitarios.  “Falando em eficácia na limpeza e desinfecção, recomenda-se que as superfícies sejam adequadamente limpas antes de serem desinfetadas. A remoção de vestígios de sujeira, detritos e poeira prepara as superfícies, pois as sujeiras podem abrigar germes e bactérias, tornando o processo desinfecção menos eficaz”, explica.

Para otimizar a eficácia dos limpadores de superfícies com ação antibacteriana, em que a limpeza e desinfecção simultâneas são desejadas, Laércio indica um dos últimos lançamentos da Dow para o mercado de cuidados para casa, o SupraCare™ 780 Additive, um booster de limpeza especialmente indicado para esses limpadores de superfícies. “Além da ação bacteriana, é um produto versátil, derivado de matérias-primas naturais, possui melhor degradabilidade e pode ser utilizado em diferentes formulações e aplicações”.

Estudos experimentais mostraram que a adição de apenas 0,05% do SupracareTM 780 a amostras referência (A e B) de limpadores antibac, promove um aumento entre 60% e 70% na remoção da sujeira padrão (oleosa e particulada) de uma superfície polivinílica (veja quadro de resultados).

“Testes adicionais também indicam que os Éteres Glicolicos mais hidrofóbicos, como o DOWANOL™ PPh Glycol Ether e o DOWANOL™ EPH Glycol Ether, por terem maior poder de acoplamento com a sujeira oleosa, são muito indicados para utilização nos limpadores de superfícies com ação antibac, em sinergia como o SupraCare™ 780 Additive”,  recomenda Laércio.

Desafios regulatórios

A biomédica Georgia Orsi Candido, responsável pela Divisão Saneantes da Vigna Brasil, consultoria em assuntos regulatórios e estratégicos para empresas de diversos setores, reconhecendo que o impacto de surtos infecciosos na saúde pública e na economia é enorme, observa que, com a Covid-19, a Anvisa vem trabalhando com maior foco em produtos de ação antimicrobiana, de maneira que a população possa cada vez ter mais opções de tecnologias e produtos para o combate ao coronavírus.

Georgia Orsi Candido, responsável pela Divisão Saneantes da Vigna Brasil

Além das diversas flexibilizações e adaptações da legislação para que a oferta de produtos pudesse acompanhar a demanda durante o período mais crítico da pandemia de Covid-19, quando os registros e vendas de produtos desinfetantes tiveram alta considerável, Georgia explica que outras ações têm sido tomadas pela agência reguladora, como, por exemplo, o fato de que os artigos com ação antimicrobiana (objetos, superfícies e tecidos com propriedades antimicrobianas) passaram a ser enquadrados como produtos saneantes de Risco 2 e, assim, passíveis de registro junto à Agência, desde junho de 2021, quando foi publicada nota técnica que trata especificamente desses produtos.

“Um dos grandes desafios que temos no setor regulatório é justamente o fato dessa legislação ser genérica e por isso, muitas vezes, não fica claro como o produto deve ser regularizado. Há ainda situações em que não existe uma legislação que abranja o assunto ou produto que as empresas têm interesse em regularizar”, exemplifica Georgia, que avalia que a velocidade de soluções e inovações podem ter como gargalo as questões regulatórias, que são importantes para proteger o consumidor de falsas promessas, tendo a garantia de que os produtos disponíveis no mercado sejam seguros para o uso e eficazes contra esses patógenos.

Georgia lembra que, de acordo com a OMS, nos últimos anos vem sendo registrado um número crescente de patógenos emergentes e reemergentes de alto risco, como H1N1, SARS, MERS-CoV, Ebola, H3N2, Covid-19 e recentemente a varíola do macaco (Monkey Pox). Com isso, é reforçado o fato de que constantemente serão demandados novos produtos e tecnologias para soluções inovadoras, sendo que há um mercado bastante ativo e dinâmico, que é formado por consumidores sensíveis e aptos a absorver essas inovações.

Para a especialista da Vigna, o desafio é constante e envolve toda a cadeia industrial, que procura atender essa demanda, desde pesquisa e desenvolvimento, os laboratórios, que buscam novas metodologias, até o setor regulatório. “Assim, produtos de limpeza com claim de desinfecção são uma aposta do setor, sendo apontados como primeira ação de defesa contra agentes patogênicos e desafiando não só a indústria, mas também os órgãos reguladores de todo o mundo, que deverão se tornar cada vez mais ágeis e dinâmicos para atender essa demanda de regulamentação”, finaliza.

O que preocupa as autoridades

A preocupação com o uso indiscriminado de desinfetantes hospitalares fora dos ambientes de assistência à saúde, como shopping centers, academias, hotéis, condomínios, transportes públicos e outros, levou a Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp) e a Anvisa a, juntas, lançarem em fevereiro um posicionamento a respeito, alertando para os riscos e informando sobre a função e aplicação correta dos produtos de uso geral e hospitalar. “As empresas que vendem e recomendam o uso dos produtos dessa maneira estão cometendo infrações sanitárias, bem como os consumidores finais”, reforça o texto distribuído pelas entidades. Para conferir a posição na íntegra, clique aqui.

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