Muitos dos ativos e produtos utilizados para controle de doenças e pragas na agricultura também são passíveis de registros não agrícolas, como em saneantes desinfestantes, incluindo inseticidas de uso profissional e doméstico, jardinagem amadora, silvicultura, além de controle de ervas daninhas aquáticas, produtos para o tratamento de madeira e outros.
Segundo uma pesquisa realizada pela S&P Global Commodity Insights, o mercado global de pesticidas de uso não agrícola atingiu US$ 8,7 bilhões em 2021, o equivalente a 12% do mercado global de pesticidas de uso agrícola. A mesma pesquisa destaca que este mercado cresce cerca de 5% ao ano e deve continuar a se expandir, mas é altamente fragmentado e complexo. Com o aumento do tempo de permanência em seus lares por conta da pandemia de COVID-19, as pessoas passaram a dedicar parte do seu tempo de lazer para a jardinagem. Além disso, houve um aumento da preocupação com pragas transmissoras de doenças.
Georgia Candido, coordenadora da área Saúde da Vigna Brasil
No Brasil, o mercado de inseticidas para controle de pragas urbanas também vem crescendo. Um estudo divulgado no primeiro semestre de 2022 pela Nielsen IQ mostra um aumento de 23% no volume de vendas de inseticidas aerossóis em 2021 em relação ao ano anterior. “Muitas empresas relatam que o nível de lucratividade é semelhante ou até maior do que de seus negócios de proteção de cultivos”, ressalta Georgia Candido, coordenadora da área Saúde da Vigna Brasil, empresa com 26 anos no mercado de consultoria regulatória, estratégica e facilitadora de negócios no Brasil, América Latina e diversos países pelo mundo. Isso se deve principalmente a menores custos de vendas e marketing em relação aos mercados B2B e preços mais altos da segmentação de mercado.
Oportunidades à vista
Os desinfestantes para controle de pragas no ambiente urbano basicamente são categorizados em inseticidas, repelentes para ambientes, jardinagem amadora, moluscicidas urbanos e rodenticidas. “Este mercado não agrícola é altamente competitivo, sendo que, segundo dados do Ministério da Economia, existem hoje 3,2 mil empresas registradas que atuam nesses segmentos como parte de suas atividades”, destaca Georgia.
Praticamente todas as principais empresas de proteção de cultivos estão presentes nesse mercado, como Bayer, Syngenta, BASF, FMC e Sumitomo, além de várias empresas fabricantes e importadoras de produtos agrícolas genéricos, sendo que muitas entraram ou cresceram no segmento recentemente por meio de aquisições de empresas especializadas em produtos inseticidas de uso não agrícola. Também há empresas de outros setores que investem em produtos desinfestantes, como a SC Johnson e a Reckitt.
“Muitos produtos inicialmente desenvolvidos para uso na agricultura, são posteriormente registrados para uso no setor não agrícola, aproveitando o investimento no desenvolvimento e aprovação de novos ativos usados na agricultura para o controle de pragas urbanas e na silvicultura”, observa Georgia, lembrando que muitas das principais pragas visadas nos setores de casa e jardim e inseticidas para empresas especializadas (também utilizados em campanhas de saúde pública) são as mesmas. “Por esse motivo, produtos registrados para nichos diferentes podem conter os mesmos ativos e formulações bem próximas, o que é mais um benefício para as empresas dessas categorias de produtos, pois têm menos custos com pesquisa e desenvolvimento”.
1,4 milhão de casos de Dengue
Outro ponto importante levantado por Georgia é que o clima tropical brasileiro favorece a proliferação de várias pragas urbanas, que são vetores de doenças. Os boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde de novembro de 2022 sinalizam 1,4 milhão de casos de Dengue no último ano, um aumento 172,4% em relação ao ano passado. Já o número de mortes confirmadas pela doença é de 978. A elevação de casos de Chikungunya e Zika também foi expressiva: 78,9% e 42%, respectivamente. As chuvas e inundações que se intensificam no verão também criam o ambiente ideal para a proliferação de roedores e a transmissão de leptospirose.
“Todos esses fatores, sem dúvida, tornam os produtos utilizados para controle desses vetores extremamente necessários, configurando-se como um mercado bastante atrativo”, afirma a executiva da Vigna, empresa que conta com divisões especializadas em consultoria regulatória em diversos setores, entre eles a divisão saúde, que inclui os produtos saneantes desinfestantes. “Também possuímos áreas especializadas em outros tipos de produtos não agrícolas, como preservativos de madeira, remediadores, produtos aquáticos e para controle de pragas em florestas nativas”, completa.
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