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Nutra InnovationRadarPor que assistir a vídeos de coisas sendo limpas pode ser prazeroso?

Por que assistir a vídeos de coisas sendo limpas pode ser prazeroso?

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Já ouviu falar em influenciadores de limpeza doméstica? Nas redes sociais, eles fazem sucesso ao exibir vídeos curtos de cômodos, tapetes, colchões e outras coisas sendo limpas.

Para as gerações passadas, o prazer visual que essas imagens proporcionam talvez se compare ao de comerciais de TV dos anos 90, que exibiam engenhocas que limpavam a casa. Aliás, seria o saudosismo um dos motivos para que esse tipo de conteúdo desperte tamanha satisfação nas pessoas, como evidenciado nos números de acessos, curtidas e compartilhamentos? Pode ser, mas não o único, asseguram especialistas em saúde mental e funcionamento cerebral consultados por VivaBem. Segundo eles, esse tipo de conteúdo atrai gente de todas as idades.

Os interessados estão em busca de dicas rápidas de como se eliminar a bagunça e a sujeira, mas também de se aliviar internamente de pensamentos, sentimentos e emoções problemáticas de forma simplista. Porém, estejam cientes desde já que essa tática em nada se compara ao trabalho sério desenvolvido em psicoterapia, antes é um mero entretenimento. Faxina influencia o íntimo Psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da USP, Luiz Scocca explica que o visual impacta diretamente a saúde mental e faz isso de forma muito positiva, quando se trata de limpeza e organização. Essa constatação é baseada nos efeitos observados na desorganização e sujeira, que podem predispor desânimo, falta de concentração, tensão, ansiedade e transtornos.

Entretanto, ficar só no celular e não agir não resolve. É preciso perceber que a desordem faz mal a si e a quem está próximo, e não só pelos motivos já apontados. A sujeira também traz eventuais problemas de saúde física, devido ao acúmulo de poeira, ácaros, fungos e bactérias. Uma dica sobre por onde começar a mudança é estipular horários de tarefas, regras e evitar acúmulos.

Em excesso, esses vídeos fazem mal?

Não há problema nenhum em gostar de ver coisas serem limpas e organizadas, mas se prender demais a isso, a ponto de não fazer mais nada, ou prejudicar afazeres, rotina, relacionamentos e não se abrir ao novo, é motivo para se suspeitar de que há algo errado. Não existe excesso bom, é preciso equilíbrio, para não desenvolver obsessões, compulsões e adoecer seriamente.

“Varia de pessoa para pessoa, algumas podem agir com excessos porque o cérebro pode ter sido ‘treinado’ desde cedo a se interessar por limpeza, no intuito de obter recompensas. Mas, sim, às vezes envolvem transtornos e geralmente é o TOC (transtorno obsessivo-compulsivo)”, explica Júlio Barbosa, médico pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e neurocirurgião.

Nesse caso, o alívio efêmero obtido em assistir a um vídeo de limpeza retroalimenta a necessidade, às vezes desesperadora, de assistir a outros para se livrar de algo que não sai da mente, advindo de uma preocupação irracional. Fora das telas, a pessoa pode ser daquelas que buscam um perfeccionismo em deixar tudo reluzente, repetidamente, mas nunca se satisfazem.

Na dúvida sobre a presença de transtornos, o mais indicado é procurar ajuda profissional. Se confirmado, a abordagem terapêutica deve iniciar logo, para que a condição e o sofrimento não se agravem e comprometam diferentes esferas: íntima, social, profissional. Para isso, entram em cena terapia cognitivo-comportamental e medicamentos, a depender do quadro.

Agora, sendo um sujeito saudável, acrescentam-se aí a curiosidade, o tédio das horas livres e, inconscientemente, até  uma estratégia de se encorajar. “Para dar conta do que é seu, há quem requer ser ajudado, estimulado por algo ou alguém que lhe faça se motivar ou ficar mais confiante”, afirma Leide Batista, psicóloga pela Faculdade Castro Alves, em Salvador (BA). Passada a adolescência, fase geralmente marcada por muita desorganização, reflexo de confusas e intensas transformações psíquicas e novos aprendizados e desafios profissionais, vídeos breves e explicativos de limpeza acabam servindo de guias e viralizam, sobretudo entre jovens adultos que estão se planejando para morar sozinhos, mas se sentem meio perdidos.

 

 

 

Fonte: Viva bem 28.02.2023

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