Alternativa à proteína animal muito utilizada nos Estados Unidos e na Europa, cânhamo ainda não tem aprovação da Anvisa para ser alimento no Brasil
Doze gramas de proteína a cada 30 gramas de produto, muitos aminoácidos essenciais, excelente proporção de ômega 6 e 3, vitaminas do complexo B, vitamina E, magnésio, fósforo, zinco, além de tocoferol, fitoesterol e carotenóides. Apesar de oferecer todas essas vantagens, o cânhamo ainda não possui liberação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para ser utilizado como alimento ou suplemento no Brasil.
“O preconceito, em geral, é por falta de entendimento de que é cada substância. A discussão vem aumentando recentemente no Brasil, provavelmente pelas discussões para regulamentar o uso dos diferentes tipos de plantas de Cannabis e seus diferentes usos para medicamentos e de uso pessoal. Já existem vários países onde é permitida a comercialização de suas sementes como ingrediente alimentar e também de seus subprodutos como farinha/proteína ou do óleo”, afirma Eugenia Muinelo, Manager Regulatory Affairs da EAS Strategies.
A semente do cânhamo, além da alimentação, também pode ser utilizada para tecidos têxteis (roupas), papel, cordas, óleos, resinas, cerveja e até combustível. Alexandre Novachi, diretor de Assuntos Regulatórios & Científicos da ABIA, acredita que, pelo potencial nutritivo elevado, a porta de entrada seria em suplementos e, posteriormente, ela ainda poderia ser aplicada em outras categorias, como pães, biscoitos e massas alimentares.
“O uso desses como suplementos alimentares é comum nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo. O cânhamo é uma proteína que se equipara a proteína da soja, então teria possibilidades de uso interessantes, inclusive muitos estudos estão sendo feitos. Já podemos concluir que o cânhamo é uma fibra prebiótica e se equipara, em alguns aspectos, com um perfil de aminoácidos diferentes. O potencial é grande, mas ainda não existe um mercado consolidado, como o canabidiol (CBD), que é liberado como medicamento”, diz Novachi.
Muinelo destaca que o uso do cânhamo como ingrediente alimentar “já é permitido em alguns países da América Latina e, pelo tamanho do mercado, o Brasil é tido como uma grande oportunidade para as empresas que já comercializam alimentos deste item”. Segundo o relatório da Mordor Intelligence, o mercado global é estimado em US$ 2,60 bilhões em 2024, e deverá atingir US$ 5,84 bilhões até 2029, crescendo a um CAGR de 17,56% neste período.
Diferença para o canabidiol
O CBD e o THC são os dois canabinóides mais abundantes encontrados na planta de Cannabis da família das Canabiáceas. O THC é a substância que gera a ação psicoativa e, por isso, seu conteúdo não pode ultrapassar 1% na planta da Cannabis Sativa L. Já o CBD, apesar do grande potencial para gerar benefícios aos humanos, ainda não é permitida sua comercialização como extrato na área alimentar.
“O canabidiol ainda não foi aprovado como extrato nos alimentos, ele só existe como substância que é parte do cânhamo. O cânhamo, que é uma excelente fonte de proteína vegetal, é a semente da variedade Cannabis Sativa L., que não tem ação psicoativa, e é amplamente considerado um alimento em muitos países do mundo inteiro”, destaca Muinelo.
‘Cânhamo e Canabidiol: propriedades, aplicações e perspectivas como suplementos e alimentos’ será o tema da palestra ministrada por Rafael Arcuri, diretor executivo da ANC (Associação Nacional do Cânhamo Industrial) e por Rodrigo Gomez, Manager Comercial da Golamd Hemp. O painel acontece no dia 8 de agosto, às 13h, dentro do Summit Future of Nutrition, o congresso da Food ingredients South America (FiSA), a maior e principal feira de negócios do setor de ingredientes para as indústrias de alimentos e bebidas na América do Sul, que acontece entre os dias 6 e 8 de agosto, no São Paulo Expo.
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