O consumidor brasileiro conseguiu retomar a compra de categorias de produtos além do básico, num movimento que tinha sido interrompido pelo aumento do desemprego, recessão e queda na renda.
O movimento é resultado do aumento do número de pessoas que busca na informalidade uma alternativa de renda, seja como fonte principal de rendimento ou como complementação. A conclusão é do estudo da Nielsen 360° Consumer View, realizado entre os meses de outubro de 2018 e setembro de 2019, divulgado nesta quarta-feira (06.11).
“Lares com renda informal retomaram a compra de mimos graças à alternativa de renda. Antes o consumidor vivia apenas reduzindo despesas e enxugando o orçamento. Está havendo uma mudança de comportamento”, afirmou o especialista da Nielsen, Ricardo Alvarenga.
O 360° Consumer View mostrou que quatro em cada dez brasileiros estão na informalidade, seja exclusivamente ou como complementação de renda. Neste ano, são 16 milhões de lares com presença de informalidade, sendo 7 milhões de lares em que as pessoas estão desempregadas e vivem na informalidade. E outros 9 milhões de lares que possuem um trabalho formal, mas contam com o informal para complementar a renda, buscando alternativas por meio de aplicativos e prestação de serviços.
O estudo tem como principal base a pesquisa realizada junto ao Painel de Lares da Nielsen, que conta com 53,4 milhões, pelo qual auditores visitam os domicílios periodicamente para acompanhamento das compras e tendências de consumo nesses domicílios.
O dinheiro extra usado em grande parte para o pagamento de dívidas, agora também ajuda o brasileiro a retomar o consumo de produtos que vão além do básico, com destaque para artigos da categoria de Higiene & Beleza, além de produtos em que o consumidor consegue enxergar algum valor agregado claro.
“O cenário ainda não é de retomada total do consumo, mas há uma diminuição das restrições de gasto e uma redução do aperto que verificamos nos últimos anos”, afirmou Alvarenga.
Com a complementação de renda em alta, os brasileiros elegeram três suas maiores preocupações: a economia, a saúde e o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. “O consumidor se sente sobrecarregado porque aumentou as horas trabalhadas para ter mais renda, mas isso o deixou mais preocupado com a saúde e com a falta de dinheiro”, disse.
Não por acaso, houve um crescimento com gastos primários (como dívida de cartão de crédito, prestações, impostos e transportes) totalizando 58,9% ao mesmo tempo que caiu com aluguel, FMCG e educação.
Para sobreviver nesse ambiente mais complexo e volátil e, ao mesmo tempo, com mais oportunidades do que nos anos anteriores, conhecer bem o consumidor é fundamental para ampliar o mercado. O principal ensinamento deste ano é: produtos e marcas que encontraram demanda reprimida, ouvindo o consumidor colheram melhores resultados. “A indústria precisa mostrar para o consumidor os diferenciais de seu produto, deixando claro seus benefícios. Adaptar-se ao cenário mais desafiador e inovar. Esse é o recado”, afirmou Alvarenga.
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