Embalagens sustentáveis podem destacar apelo ecológico para valorizar detergentes entre as classes AB
O apelo ecológico, que vem sendo cada vez mais utilizado nos produtos de limpeza, mostra-se mais valorizado pelas classes de maior poder aquisitivo no Brasil. Pesquisa da Mintel, presente no relatório Hábitos de Limpeza da Casa, mostra que 39% dos consumidores AB afirmaram “vale a pena pagar mais caro por produtos de limpeza ecológicos”, enquanto entre as classes C e DE, o percentual dos que fizeram a afirmação é 27%.
Enquanto isso, a análise de correspondência mostra que o atributo “ecologicamente responsável” é um importante fator na hora de se comprar um detergente para louças, indicando que para a categoria, o apelo ecológico pode determinar a escolha do consumidor.
A combinação desses dados leva a crer que é possível trabalhar um posicionamento ecológico em produtos para lavar louças como forma de trazer um diferencial para os produtos e assim, atrair os consumidores das classes AB.
Uma das possibilidades para ampliar o caráter ecológico dos detergentes para louças refere-se ao uso de embalagens recicláveis nos produtos. De acordo com relatório Mintel, de 2016, sobre estilo de vida sustentável, no Brasil, 49% dos consumidores AB compraram produtos vendidos em embalagens recicláveis nos seis meses anteriores à realização da pesquisa. Porém, para se destacar, as marcas tem que ir além de incluir nos rótulos selos indicando a possibilidade de reutilização do material ou mensagens que orientem o descarte correto das embalagens para reciclagem.
A Ecover, marca de produtos de limpeza da Bélgica, por exemplo é uma das que vêm buscando uma abordagem mais sustentável para a embalagem de seus produtos. Para ela, usar embalagens de plástico apenas uma vez é errado, e por isso, vem repensando o uso do material nos seus produtos. A empresa tem focado as suas ações em seis esferas diferentes: renovar, reduzir, reusar & usar refil, reciclar, recuperar e reconectar. Essas ações têm como princípio a ideia de fechamento do ciclo de vida do produto. Isso significa que a Ecover, além de se preocupar com a produção, também pensa no descarte das embalagens depois do uso.
Em 2018, a empresa lançou uma nova embalagem para o detergente líquido para louças feita 100% de plástico reciclado, inclusive a tampa do produto, e que pode ser reciclada novamente o que reduz a pegada de carbono da embalagem em 70% quando comparada à versão feita de plástico virgem. A marca também está experimentando o uso de embalagens alternativas biodegradáveis e de origem biológica, que garantem causar o mínimo de dano ambiental se descartadas no lixo comum.
Esse conceito de fechamento do ciclo de vida do produto também é utilizado pela brasileira Irys Brasil. A empresa conta com um programa de logística reversa que permite que os consumidores retornem as embalagens vazias dos produtos de limpeza concentrados da marca e ainda os premia com novos produtos. Também de acordo com o relatório de Estilo de Vida Sustentável, de 2016, 41% dos brasileiros das classes AB afirmam que reciclariam mais se houvesse maior incentivo (ex. dinheiro de volta, pontos fidelidade, descontos). Isso mostra que iniciativas como a da Irys também podem ajudar a atrair consumidores das classes sociais mais elevadas.
Essas iniciativas por parte das empresas vão de encontro a tendência Mintel Rethink Plastic (Repense o Plástico), a qual se refere a uma grande mudança no comportamento do consumidor que se torna mais consciente dos danos que os resíduos de plástico podem causam às pessoas e ao planeta. Assim, a preocupação como a poluição plástica nos oceanos, formas mais cuidadosas de usar o material desenvolvendo uma “economia circular” e o consumo consciente já estão em pauta e devem influenciar como o consumidor e as marcas devem agir a partir de agora.
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