Do microbioma à ingestão oral: as novas fronteiras dos fotoprotetores

A proteção solar está atravessando um período de transformação impulsionado pela convergência entre avanços científicos e novas demandas de consumo. Cada vez mais, a indústria aposta na interseção entre cosméticos e nutracêuticos para oferecer soluções integradas, eficazes e sustentáveis. O desenvolvimento de suplementos ingeríveis que fortalecem a resistência da pele à radiação UV, as formulações adaptadas para peles negras e as inovações baseadas no microbioma cutâneo estão reformulando o conceito de proteção solar.

Nutricosméticos e a fotoproteção de dentro para fora

Os nutricosméticos estão na vanguarda da nova geração de protetores solares. Compostos por ingredientes bioativos que reforçam os mecanismos de defesa cutâneos, esses suplementos prometem ampliar a resistência da pele aos raios UV. Um exemplo desse avanço é o Lumina 365, da Tosla Nutricosmetics, que combina extrato de rizoma de Calaguala e vitamina C para aumentar em 23,8% a dose mínima de eritema (MED) e reduzir a vermelhidão causada pela exposição ao sol em 46,2%.

Grandes players globais também estão explorando essa categoria. A francesa Jaldes aposta no suplemento Oxelio Protect, rico em carotenóides do tomate para mitigar danos solares. Já a espanhola Cantabria Labs tem como destaque a linha Heliocare, baseada no Fernblock, ativo derivado da samambaia tropical Polypodium leucotomos. No mercado asiático, a sul-coreana Cell Fusion C inova com Agatri, extrato botânico de hortelã-coreana que combate os efeitos do sol na pele, prevenindo rugas e inflamação.

O papel do microbioma na nova era dos fotoprotetores

Com a evolução dos estudos sobre o microbioma cutâneo, cresce a aposta em soluções que fortalecem as defesas naturais da pele. A startup italiana Bacfarm desenvolveu um ingrediente inovador baseado na bactéria Deinococcus radiodurans, capaz de resistir a altos níveis de radiação. Essa tecnologia, vencedora de uma competição promovida pela Shiseido, promete maior estabilidade e segurança em comparação aos filtros químicos tradicionais, além de atender à crescente demanda por ingredientes ecológicos.

Proteção solar e diversidade: foco na pele negra

A formulação de protetores solares está se tornando mais inclusiva, especialmente para a pele negra, que historicamente foi negligenciada nesse segmento. Novas texturas, como óleos e géis, garantem alta absorção sem deixar resíduos esbranquiçados. Marcas como Supergoop, Paula’s Choice e Vichy já oferecem produtos adaptados para atender às necessidades desse público, proporcionando hidratação e brilho natural.

A proteção UV também está ganhando espaço no cuidado capilar. Empresas como Curlsmith e Aveda desenvolveram soluções voltadas para cabelos texturizados, enquanto a Ultrasun inovou ao lançar um spray UV projetado para mulheres negras que usam tranças, garantindo proteção sem comprometer a estrutura dos fios.

Sustentabilidade e a reinvenção das formulações solares

A responsabilidade ambiental está no centro das estratégias das marcas de proteção solar. Segundo a Mintel, o lançamento de produtos sustentáveis cresceu 25% desde 2018. Esse movimento está impulsionando a substituição de filtros químicos prejudiciais aos recifes de coral por alternativas minerais e antioxidantes naturais, como algas marinhas e vitamina E.

A francesa Hei Poa inovou ao incorporar 50% de plástico reciclado pós-consumo (PCR) em suas embalagens, além de oferecer refis para reduzir o desperdício. Já a marca californiana Everyday California aposta em formulações biodegradáveis que conciliam eficácia e segurança ambiental.

O futuro da proteção solar

A convergência entre tecnologia, ciência e beleza está impulsionando um novo paradigma na proteção solar. Dos nutricosméticos aos fotoprotetores microbiômicos, passando pelas formulações adaptadas à diversidade de tons de pele e aos avanços em sustentabilidade, o setor segue evoluindo para atender às expectativas do consumidor moderno. O desafio agora é aliar inovação, eficácia e responsabilidade ambiental para moldar o futuro da fotoproteção.